19/04/2013

{{: elegia à excêntrica antônia

ah! antônia...

essas casas rosas, desbotadas, antigas como baobás
toda essa chuva
essa preguiça amarela do cachorro

ai... esse sol de outono
meu coração desgomado, tão tão laceado

todas essas profundidades antônia no meu olho que quer afundar tudo
toda essa vontade absoluta de viver e morrer a cada segundo momento segundo
essa louca escancarada que quebra toras enormes de madeira no meu peito

aquela sede que vai a minha frente - dê-me mornos, dê-me gelados, de-mê mais engolir gosmundo

aquele vestido vermelho antônia que me põe o demônio no céu

antônia... eu... eu inteira... babando poesia e música

sem fome e morta de fome, farta e seca
acontecendo mexida alterada
rasgando o mundo com a língua

com pouco dinheiro pouca roupa pouco futuro certo toda abarrotada de raios e luz espessa e gosto forte

antônia saem do meio e de dentro de mim tantas qualidades de desejos inventados, novinhos em folha!!!
minha alma é exigente antônia!!! me põe louca, entre um corpo-língua-de-cachorro e o ar, todo o ar do mundo, que me toca, que que quero todo pra mim...

pra mim... todos os ventos antônia!
e todas as gotas doces
e folhas ásperas no meio de minhas pernas e entre meus dentes,  roçando, colorindo de sujo-verdinho tudo que em mim escorre

eu ando com um grito eterno abafado no peito
é antônia... um grito de vida alucinada, faiscante
que vira uma linda tocha azul nos dias mais eletrizados...
é um grito que me queima - amanhã amanhã e amanhã - manhãs de choques azuis

o mar as nebulosas as galáxias que num dia qualquer colidirão a vastidão da antártida 
a aurora boreal
os morros misteriosos de minhas gerais
a floresta amazônica de ponta a ponta
as folhinhas da árvore em frente a minha casa
me são mais íntimos que meus irmãos

- antônia? que foi? assustou?
- não.. não é de assustar elaine
- não? às vezes eu acho que é...
- não... não é não...
- é de que então?
- é de aprender a fazer um bolo fofo de chocolate, com cobertura de brigadeiro e de vez quando, ter que jogar ele inteirinho fora

Nenhum comentário:

Postar um comentário

molhem o orquídea...