eu entendo bem o que é sobreviver ao desastre. mas não sou uma sobrevivente. sou uma vivente.
hoje eu sei que aquelas coisas mais importantes e avassaladoras são resolvidas no talo da solidão, por isso, não peço muito às pessoas. tudo bem que levo delas, na maioria das vezes, os sentimentos mais profundos e especiais. mas, também, na maioria das vezes, elas nem notam, porque nunca os usaram.
tenho me aconchegado bem aos pregos enferrujados, as gaiolas flácidas, ao mar em gotas, que formaram minhas histórias até aqui. acho-os lindos. mas, não os quero mais.
consigo sentir o gosto forte, doce, caldaloso de tudo que me forma.
sei exatamente o papel que cada um teve nos remendos e ampliações do meu coração.
hoje em dia, já pressinto quando serei abandonada nos meus canaviais de sonhos e nuvens de agulhas, que ficarei lá... sozinha, olhando aquela vastidão interior, sem habitações humanas, sem proximidades honestas...
no fundo, no fundo, não sou tão esquisita. nem estranha. nem louca. o que eu sou mesmo, é olhada a distância. então, viro uma miragem atrapalhada, interessante, maluca e sem contorno.
porque pra me ver inteira, infelizmente, o salto é necessariamente sem pára-quedas e a luz do dia.
...quem se habilita?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
molhem o orquídea...