
a delicadeza de unhas bem feitas, dos beijos entre coisas bem nomeadas, da ponta dos cabelos aparados, da roupa com confort... não quero mais.
esse tipo de delicadeza parece enrolada em papel alumínio. ressoa um brilho fosco
a delicadeza da raiz dos dentes... eu quero

quero a delicadeza protuberante
delicadeza de polpas e miolos
delicadeza íntima e que, no entanto, acomete a tudo aquilo que ensopa, escorre, incomoda a pele, ressurge dos ciclos, da vida revivendo implacável, arrepia os cotovelos, embrulha as vistas...


quero a delicadeza do tempo que entorta as folhas
delicadeza que não está escondida nos segredos mais gerais
delicadeza da cura... não dos machucados superficiais, mas das fraturas - os delicados elos que colam os ossos quebrados.
delicadeza dos potes que guardam grãos perecíveis = mas não pote de vidro em armázem
= lichia, pote inóspito do gosto doce, delicabuzos

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molhem o orquídea...