14/02/2014

{{: poesia prosaica e meu feminino pôr-do-só

é como se as mulheres soubessem
a saída de todos os labirintos
e pudessem comer lodo durante séculos a fio, impunemente
sem ter incorporado algo da viscosidade dos musgos
que enfeitam cantos cheios de sombras

é como se as mulheres cozessem em seus buxos de pedras quentes
meninos mornos, moles e dissolvidos
nas suas entranhas sanguinárias

é como se as mulheres só pudessem existir aos pingos...

botões sem buracos
blusas do avesso
meia calça enlarguecida
cadeiras gastas
pulseira sem fecho
norte e sul no meio
pente com cabelo branco
camisolas guardadas
lençóis molhados

grama,

varal,

último raio

aurora






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molhem o orquídea...