03/02/2014

{{: uma palavra sobre a loucura - para a amiga que sou para mim

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querida amiga, encosta tua cabeça no meu ombro e ri.
que é a loucura senão o gravíssimo processo de tocar as pétalas?
quando pareço louca a mim mesma? quando os outros o dizem... porque cá dentro sinto somente asa e abismo, vertigem e gozo, espaço, vazio e sentido.
tenho medo muscular. 
tenho solidão gástrica.
tenho amor em poro. 
que fazer com este corpespírito amaldiçoado pela desverginosa liberdade?
porque trata-se disso minha querida amiga... de tirar os pés do conforto prendido das grades e pisar o chão de si. que fazer então? 
não sei assim... não sei falar tão detidamente assim... porque respondo a esta pergunta de acordo com as flores, os bichos, as cores, os olhos, que estão por perto. mas posso dizer-lhe que há uma coisa certa, faço comigo aquilo que manterá meu coração aceso, aquecido, quente quente. o que implica na maioria das vezes em jogá-lo na fogueira e queimar as mãos para retirá-lo.
um coração sapecado de vida, encontro humano e mãos queimadas. este é o resultado do meu processo.

[loucura tem sido o nome que damos para tudo aquilo que nos desvela e nos bota nu e frágeis 
louco tem sido aquele que foi invadido por seus próprios espaços]

por isso, precisamos de cadeados, remédios e psiquiatra
porque é insuportável pensar que a vida é pra valer, que os sentimentos nunca, nunca passam em branco. que queremos desesperadamente ser amados. que só vivo pelo olhar do outro. 
que eu não sou aquilo que venho sendo.

como colaboração, porque não acredito em críticas, mudaria o diagnóstico de: LOUCO para VIVO, e a vida sim é louca, não as pessoas.
entende?

quer coisa mais louca que a floresta amazônica, um coral, ou beija-flor?

Girl with Laundry, Chicago 2004

Paul D'Amato




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