Quando você me abraçou caiu a última árvore viva dentro de
mim.
Tombou. Bateu em meu chão e rachou esta terra sertanejamente
paulista. Levantou
rachaduras, poeira e sede. Encostei-me em teu
peito nada forte e me senti ainda
mais fraca e louca, porém,
protegida durante uma hora. Não queria dizer nada,
mas, queria que
você soubesse como o sabem as paredes de minha casa do
desespero
e da libertação sideral dos músculos em meus ossos.
Ficamos na rodoviária
mesmo, sentados em silêncio olhando os
ônibus nunca chegarem e nunca irem, a
pedido meu. “- Uma
passagem para algum lugar de soltar pipa, por favor? Não
temos
senhora. Temos somente para o desespero. - Tô de buenas.”
Acendo um
cigarro imaginário de arco-íris. Queimando arco-íris até
a última ponta. Estava
instaurado meu surto, que poderia ser tanto
em um hospital psiquiátrico, como, em
uma rodoviária. Você com os
olhos de alguém muito sábio em relação a tudo
aquilo que se
passava em meu coração e, por isso mesmo, de mãos vazias.
Olhava- me com comoção e gosto pelo tamanho de minha coragem. Sim,
Olhava- me com comoção e gosto pelo tamanho de minha coragem. Sim,
disse-me que eu era
coisa muito estranha e especial, e que ninguém
podia fazer nada em relação a
isso. Eu ri, porque você não sabe
fazer elogios... ou dizer que ama. Você também
tem sua maldição
resplandecente. Aquela árvore enorme tombada em meu peito.
Falta
de ar. Galhos arranhando por dentro. O constante barulho de
folhas verdes
morrendo. O barulho do verde ficando marron. “As
cascas das árvores crescem no
escuro”. O que fazer depois daquele
lapso poético? O que você sugeriria? É tudo
tão irrisório e
profundo. Mas, existe ainda mais amor. Talvez um amor açougueiro
e posto em pedaços numa vitrine cheia de gordura e sangue velho.
No entanto,
ainda amor. A última árvore tombou. Por enquanto, ela
é maior que eu,
arrasta-se para além de mim. Estou com as raízes
para fora. Raízes aéreas. Todo
peso pode virar esterco e húmus,
neste caso. Esperemos. Hora de despedir-se. Um
abraço, um estou
contigo, uma companhia desinteressada, um ônibus para dentro
de
mim e minha bela floresta de uma árvore só. Tombadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
molhem o orquídea...