acabei de entrar para estas estatísticas tristes que contabilizam mortos em guerra, crianças vítimas de violência, mulheres com clitores cortados na áfrica, camelôs mortos pelos polícia militar de são paulo, sequestradores desesperados reivindicando uma miséria de dignidade ao povo brasileiro, poetas suicidas. agora faço parte da porcentagem que não deu conta de resguardar os valores importantes da sociedade. eu, mulher de 33 anos, estilhaçada ao meio, pela dor aguda de ter que re-significar o macho mais macho diante de uma fêmea mais fêmea.
no entanto,
compreendendo que
sem mortos e feridos
às vezes, a vida entorta seu aço inexorável diante de nossas retinas e
o que fica é uma casa para pintar, um sentimento inválido e um par de mãos avulsos como
um pássaro eternamente no ninho
então, de que serviu ser pássaro?
serviu para entender que a palavra amor
é a mais bonita de todas as palavras porque salta precipitada
ele - vamos ver as contas?
ela - pago-lhe com a pérola vermelha, meu útero
então, vamos lá:
não quero pegar gosto pela tristeza
nem sufocar meu abandono [que ele grite arroaçado por todos os cômodos]
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