beleza-me:
o último raio do sol brilhando
na derradeira rosa do universo
espera poetizada:
um poema que ainda não foi escrito
mas que só não foi escrito
que é real como o ar existe
mistério da purpurina:
esticar o dedão do pé durante o big bang
deixar ele esticado como se fosse a tomada desavessa
para ligar a preguiça
e ver de uma cadeira de balanço os astros, as cores, aquelas massas enormes dos planetas distantes, aquelas luzes que andam pelo espaço sideral a bilhões de anos sem fonte que as emita
explodirem
sem fazer barulho
nenhum
abundância:
as patas do cachorro amarelo fazendo barulho contra o chão branco frio e limpo
o cachorro não tendo que ir a lugar algum
porque é o tuxo
o sono elegantíssimo da cachorra da roça
te amo:
pensar durante 32 minutos a tarde
sobre o amor
e sentir frio na coluna
e dor aguda em um órgão que não tenho
deitar, rolar, querer ser alguma coisa de chão pra chegar até o amor
voando alto para minhas raízes
ciranda:
inventar que posso chamar essa coisa que me assombra inteira
de maneira tão grandiosa
de: sorriso de deus no escuro
e fazer uma oração pra deus
pra que eu vire santa de tanto amar tudo que existe tudo que não existe e tudo que imagino
begônia:
olhar as paredes da minha casa como se eu estivesse olhando as paredes de uma nuvem
e de repente me ver absolutamente tomada pela poesia e comovida, triste e liberta por ser uma poeta e fazer este poema
pra você
obrigado pela companhia
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molhem o orquídea...