02/06/2015

{{: abalo sísmico

perfuratões na retina do coração zoio trasvirando
hádor
neste som forte e sufocão 

asas de borboleta queimando
onde cinza tem luz

arrumo minha garganta pra poder falar mais o que sai é o som do motor de uma mobilete com problemas na vela
nós queríamos rugir e gritar
nós queríamos estourar baterias
nós temos muita volta-gem dentro

e agora?
e agora meus deus...que toda sensibilidade ancorou no cais de lã podre?

todos os objetos de alumínio ressoando tristeza e angústia sódica

diz-me você, que não é maluco, que não é poeta, que não tem nenhuma desgraça na vida
como a gente cura 
essa dor montanhosa e de pedra brita
de querer ser gente
sem ter visto gente ainda 


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