- mamãe enlouqueceu elizabete.
- ishi, tá rasgando dinheiro?
- não é pra tanto.
- papai também enlouqueceu helena, faz uma década. mas percebemos há uma semana.
- ishi, tá rasgando dinheiro?
- não é pra tanto. mamãe perdeu o olhar e os cabelos ensebaram.
- meus cabelos andam tão sedosos...
- sinal de sanidade certificado pela indústria cosmética.
- nossa... a dove tá se metendo com psiquiatria também?
- parece que sim, que fecharam contrato.
: da alegria do dou-ce
- oi! como vai!!
- oiii!! triste. e você? aperta o oito por favor.
- ando desgostosa.
- você emagreceu? tá mais bonita!! tá levemente triste ou perdidamente triste?
- triste normal. e você?
- tô sem o gosto das coisas.
- vai fazer o quê agora?
- nada
- vamos em casa... vou te preparar um petit gateau.
Ingredientes
- 200 g de chocolate meio amargo
- 2 colheres de manteiga sem sal
- 1/4 de xícara de chá de açúcar
- 2 colheres de sopa rasas de farinha de trigo
- 2 ovos inteiros(tirar a pele da gema)
- 2 gemas
Modo de Preparo
-
- Derreta a manteiga e o chocolate em banho-maria
- Bater os ovos e as gemas com açúcar na batedeira até ficar bem claro
- Junte o chocolate derretido e a farinha de trigo, misturando com uma espátula
- Depois, unte as forminhas de empadinha, passe trigo e coloque a massa
- Pré-aqueça o forno e leve para assar de 6 a 10 minutos em fogo alto até os bolinhos crescerem, mas o meio deve ficar molinho
- Deve-se desenformar quente
- Diretamente no prato acompanhado com sorvete de creme
: dos tempos dos ponte-rios
- oi! há quanto não te vejo!!
- oi! pois é... que saudade
- como andam as coisas?
- paradas. todas elas. dei um tempo.
- é.. às vezes precisamos dar o nosso tempo ao tempo.
- e você, na correria?
- não... também desacelerei. desliguei os relógios de casa.
- desligar relógios... só você mesmo... mas não posso falar muito porque retirei os calendários.
- (risos) é. cada qual com sua louc-hora.
: da companhia
ela teve um dia péssimo. seriamente péssimo. despediu-se de um grande amor. almoçou bolacha de água e sal. trabalhou por 8 horas. segurou a vontade de chorar em cada palavra dita. fixou o olhar em seu coração para não perdê-lo. economizou nos gestos. andou sem o corpo. respondeu e-mail na máquina de datilografar. falou ao telefone engasgando com as fibras óticas. segurou as xícaras, os papéis e a caneta roxa com seus dedos de fios de lã embaraçados. pegou um ônibus com 39 pessoas que estava vazio. chegou no continente quebrado de sua rua. foi atravessada pela porta e entrou no elevador.
- oi!
- (justamente ele) oi
- que foi? tudo bem?
- (choro de lágrimas ardidas)
Aperta somente o número 2 que é o andar dela e agradece por ter na mochila um CD da Buena Vista Social Club.
: de mim
- oi elevador! e aí, firmeza?
- (silêncio)
-eu sinto muito meu querido, mas, eu não consigo estabelecer uma relação de indiferença com você. eu entro em você, todos os dias. você sabe o que essa metáfora concreta significa para uma poeta?
- (silêncio)
- e... eu sei que você não me responde mas que o segurança me escuta. tá valendo (olho para a câmera e mando um beijão)
- (o elevador para no 5 andar mas não entra ninguém. faz isso só pra demonstrar uma certa autonomia)
: deles
- bom dia!
- boa noite!
- tudo bem?
- será que chove?
- e o timão? hein?
- sabe quando é a runião do condomínio?
- e esse trânsito?
(morre um deles)
- não fiquei sabendo
sinto muito
pouco
: de nós
- pessoal hoje nós vamos até o final, até último andar, parando de andar em andar e cantando uma canção em cada um. topam?
(não é interessante como nos edifícios os finais estão lááááá em cima?)
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