18/03/2014

{{: manifesto de mim mesma - falo por nossa miserável igualdade

a cama tem sido um lixão.
as angústias, os medos, os segredos, os traumas, as marcas... são essas coisas que levamos para a cama.
entre meu corpo e o corpo do outro há uma muralha firme e forte feita de pura fuga.

fazer sexo tornou-se uma mini-escapada triste, que produz pessoas tristes. porque quanto mais trepam mais abandonam os seus nós, os seus limites, a sua fragilidade, sua complexidade, enfim, suas humanidades.

existe contato. mas não existe encontro.

e contato dos indivíduos com sua eterna corrida para fora de si, do mundo, da vida.

a cama virou um divã do avesso, surrado e cor de bosta.
a cama é o palco principal das distâncias.

eu trepo assim, gozo assim, gosto assim.
uma cama cheias de porquês obscuros...

onde eu posso me libertar?
trancado na jaula do meu gozo

e se ele tiver uma pitada de exotismo, mistério e subversão.. melhor ainda
porque isso caracteriza, define e escurece a auto-mentira

a perversão na maioria das vezes não passa de mais uma versão

[cuidar mais de si
cuidar mais do outro

não curar as feridas com o abandono delas...

sei lá... de repente isso ajude]

não precisamos ser felizes o tempo todo. isso resvala no sexo. o sexo não é um playground, nem uma descarga de pacotinhos de alegria, somente.

já que somos numa sociedade hipócrita e do simulacro
quero o reverso. quero um sexo que me lambuze com meus 32 anos de idade, com minha feminilidade, com meu desejo de companhia. quero um sexo que me arremesse para mim mesma.

não quero transformar minha cama num bercinho, onde aquela menininha que fui renasça e reivindique seus sonhos de parque de diversão, de família Doriana.


minha cama não é um depósito das coisas que aconteceram comigo.
caso a sua seja, jogue ela fora e durma e trepe no chão, por algum tempo.

talvez não haja soluções fáceis.
mas, com certeza, há soluções possíveis.

sexuali-ze seus demônios e seu deus.
torne sagrado seu corpo e não sua satisfação cinza.








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