os vizinhos deitados em suas camas aparedadas nesta noite com pequenas coisas quebrando, o pé em uma folha, uma lasca de porta, um cadeado, a borda de um prato. mistério em forma de estralo, meu coração escuta e entende o mundo. tudo imensionado. lá fora as coisas enormes, maiores e maiores como meu sentimento quieto e no escuro do céu que se pode enxergar.
sou rainha da minha pele...
e a árvore gera sua florzinha branca sob a lua cheia e sob o frio da manhã de amanhã. ela capta o amanhã e faz um branco quente durante esta noite furada pelo apito de um guarda. furos e furos e furos feito os tiros que a arma do guarda sempre pretende fazer em alguma coisa.
estou atenta e sei que tenho sangue. neste momento não sou poeta, nem atriz, nem coisa que valha um nome. por dentro e sem substantivo próximo: irei verbar-me.
e essa poesia dos latidos bulhando a madrugada com os dentes dos cachorros levo para o chuveiro e esfrego em meu corpo como fosse um sabonete gasoso - perfume da água
essa enorme poesia que entorna ao redor me levanta e abaixa o peito
essa poesia é minha
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molhem o orquídea...