14/09/2014

{{: anotações de hoje

o barulho do jornal amassando vagorosamente as notícias de ontem e o próprio ontem.
arranque a roupa para você mesmo.
um pratinho de leite morno para gata de rua com seus filhotes de rua mas, com as tetas da mãe cheias. 

é... a vida arrebenta no peito de qualquer um mesmo, de repente. ao atravessar uma porta.
um pote de pequenas pedras e miçangas de madeira. flores ainda mais pequenas desenhadas nas miçangas. é tanta poesia no mundo, que pensei em deitar no colo da minha melhor amiga da minha mãe da menina moradora de rua.
uma velha abandonada por suas melhores lembranças afagando a boneca. mas a boneca poderia ser eu ou você. o extremo carinho de ter só o carinho para dar ao alcance das mãos.
a cadeira de balanço, ba-lan-dançando.
.
não tenho muitas exigências. ou tenho todas, exatamente nesta medida. não gostaria de escrever em uma máquina de escrever este poema, porque o escreveria em qualquer lugar. mas, um dia, queria furar meu dedo com o tal espinho envenenado e ver pingar, gota por gota, vermelha amor e poesia sobre alguma folha de rascunho.

o silêncio agudo da televisão ligada em todas as casas da rua com seus portões trancados e suas gentes deitadas em sofás com suas caras refletindo um azul depois um verde depois um amarelo. qualquer pode ver estas pessoas, porque elas somos nós neste ano de 2014. e no fundo, é bom saber que elas estão seguras, em paz e absortas. afinal, é domingo.

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